Imagem: Canva, de mulher cortando legumes na mesa

Atualmente, tem se aumentado todos os dias o número de pessoas que estão em busca de uma alimentação mais saudável, nutritiva e equilibrada. Seja por motivos estéticos ou patológicos, a alimentação é um dos fatores extremamente importantes para preservação da saúde e do bem estar.

Entretanto, tendo em vista o uso de agentes químicos nas plantações, é importante ressaltar a atenção que se deve ter ao comprar alimentos que necessitam de cultivo, como frutas, legumes e hortaliças, atentando-se a origem e forma que se é produzido aquele alimento.

Os agrotóxicos são produtos químicos, físicos e biológicos, que são utilizados na produção agrícola, com objetivo de combater as pragas nas plantações.

Uma publicação feita pelo Instituto Nacional do câncer (INCA) no mês de novembro de 2022, adverte sobre principais danos à saúde, decorrentes da exposição aos agrotóxicos, subdivididos em duas categorias:

– Efeitos Agudos

São os efeitos de aparecimento rápido.

•Através da pele – Irritação na pele, ardência, desidratação, alergias.

•Através da respiração -Ardência do nariz e boca, tosse, coriza, dor no peito, dificuldade de respirar

•Através da boca – Irritação da boca e garganta, dor de estômago, náuseas, vômitos e diarreia.

Além disso, também pode ocorrer dor de cabeça, transpiração anormal, fraqueza, câimbras, tremores e irritabilidade.
– Efeitos crônicos

São efeitos que aparecem após longos e repetidos períodos de exposição.

•Dificuldade para dormir, esquecimento, aborto, impotência, depressão, problemas respiratórios graves, alteração do funcionamento do fígado e dos rins, anormalidade da produção de hormônios da tireoide, dos ovários e da próstata, incapacidade de gerar filhos, malformação e problemas no desenvolvimento intelectual e físico das crianças.

Os problemas decorrentes da exposição aos agrotóxicos, pode variar a depender do produto que foi utilizado, tempo de exposição e quantidade de produto que foi absorvida no organismo.
Existem algumas fases da vida onde é necessário atenção à essa exposição aos agrotóxicos, como gestantes, crianças e adolescentes, devido alterações naturais desta fase da vida, como alterações hormonais, metabólicas e imunológicas, que podem ser afetadas.

Imagem: Canva, mostrando um prato em formato de coração com varias frutas

Formas de exposição aos agentes químicos
No trabalho pode ocorrer contaminação através do contato direto com o produto na pele, de forma oral ou inalação durante a manipulação do mesmo nas plantações.

Já no ambiente, a contaminação pode ocorrer através da ingestão de alimentos e águas contaminadas, de pulverizações aéreas que ocasionam a dispersão da substância, contaminando a população próxima, e de contato com roupas dos trabalhadores contaminadas com os produtos.

Falando sobre os alimentos transgênicos, eles são produtos que sofrem modificação genética, com o intuito de aumentar sua produtividade, reduzir custos, aumentar a resistência das plantas à pragas e sua tolerância em condições adversas do solo, podendo também colaborar para a redução do uso de agrotóxicos. Em contrapartida, seus malefícios podem incluir
desenvolvimento de doenças como câncer, malformação congênita, distúrbios endócrinos, neurológicos e mentais, além de desequilíbrio ecológico.

Na produção orgânica, também é excluído o uso de sementes de origem transgênica, já que nessa forma de cultivo os agricultores não podem utilizar nada que modifique as características reais do solo e dos produtos cultivados.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) orienta que para reduzir a ingestão destes agrotóxicos deve-se dar preferência aos alimentos orgânicos, que são alimentos in natura, minimamente processados ou processados, produzidos com técnicas que não fazem uso de fertilizantes químicos, pesticidas sintéticos, ou qualquer outro tipo de agressor ao solo. O foco está totalmente ligado a uma forma sustentável de cultivo, utilizando práticas de cuidado com o solo, levando em conta as condições da região para o cultivo dos alimentos. Tais técnicas são empregadas a fim de preservar o meio ambiente, a saúde de quem está produzindo, e também a de quem consome, além de oferecer um alimento com maior qualidade e mais saudável.

Dos principais alimentos orgânicos que são produzidos no Brasil, estão a cana, soja, o cacau, o gengibre, o guaraná, a manga, o morango, o pêssego, o tomate e a uva.

A agricultura orgânica:

As técnicas empregadas no cultivo orgânico (como adubos naturais, compostagem, minhocultura, policultura) são utilizados recursos naturais e sócio-econômicos, tendo como objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica, diminuir o uso de energia não-renovável, sem utilizar materiais sintéticos e organismos modificados geneticamente.
Os produtos orgânicos contribuem com o favorecimento da diversidade biológica, mantendo a qualidade da água, do solo e dos produtos, além disso, promove emprego para os pequenos agricultores locais, permitindo que possam levar sustento para suas casas todos os dias.

Benefícios dos alimentos orgânicos

– Além de serem empregadas formas de cultivo sustentáveis e sócioeconômicas, que colaboram com a melhoria de vida no campo das comunidades rurais, alguns estudos já apontam que o consumo de agrotóxicos dos alimentos convencionais a longo prazo e de forma crônica, estão relacionados com o surgimento de problemas neurológicos e doenças como o câncer.

• Os alimentos orgânicos são mais ricos nutricionalmente que os convencionais, tendo em vista que o solo onde são cultivados é mais rico com adubos naturais,
proporcionando alimentos com maior valor nutricional.

• O sabor e o aroma dos alimentos orgânicos são mais intensos.

• Além de preservar a saúde de quem os consome, protege as futuras gerações da ingestão de agrotóxicos.

• A qualidade dos produtos orgânicos em sua maioria é certificada e deve ser assegurada pelo Sistema Brasileiro de Conformidade orgânica, coordenada pelo
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

• É um alimento mais seguro, devido ao controle utilizado no cultivo, e cuidado para ser o mais natural possível.

• É seguro ingerir na sua forma integral (com casca).

• Estudos mostram que em consumidores de alimentos orgânicos, o aparecimento de doenças como hipertensão, diabetes tipo 2, hipercolesterolemia teve menor incidência, a diminuição do IMC a longo prazo
também foi observada no grupo estudado.

Desde o ano de 2003, a Lei 10.831 estabelece alguns procedimentos para que seja avaliado o valor orgânico dos alimentos, que passam por uma auditoria para que ocorra a comprovação e certificação de que eles realmente são de origem orgânica.

Como saber se o alimento realmente é orgânico
Para saber se o alimento realmente é orgânico no momento da aquisição, e importante verificar se o alimento possui o selo federal do SisOrg (Sistema Brasileiro de avaliação da conformidade orgânica). Este é o único meio capaz dar a garantia de que o alimento processado ou embalado é de fato orgânico.

Tal meio de comprovação é segura, pois, e necessário passar pelo Ministério da Agricultura para receber o selo de garantia.

Nas feiras livres, onde normalmente os alimentos são vendidos sem embalagens, não é necessário o selo de comprovação, entretanto deve-se estar disponível a declaração de conformidade orgânica daqueles alimentos que estão sendo comercializados como orgânicos.
Já em casos de restaurantes e estabelecimentos que vendem comidas prontas, e declaram que são de alimentos orgânicos, deve-se deixar de forma acessível aos consumidores a lista de ingredientes e de fornecedores dos alimentos usados naquelas preparações.

Algumas dicas extras para a aquisição de orgânicos são:

• Buscar um revendedor de confiança, que garanta a qualidade do produto
ofertado.

• O tamanho do alimento não diz muita coisa sobre o produto. Existe um mito em torno dos alimentos in natura, de que os alimentos menores são chamados “mais naturais”, entretanto, existem alimentos orgânicos tão grandes quanto os alimentos convencionais.

• Comprar alimentos da safra. Além de possuírem valor aquisitivo mais em conta, consumir alimentos chamados “da época” pode contribuir com a diminuição da ingestão dos agrotóxicos, tendo em vista que os mesmos se encontram em um momento do ano onde sua disponibilidade de produção é maior e mais facilitada do que os alimentos que não estão na safra.
Na impossibilidade de aquisição dos alimentos orgânicos, existe também alternativas para reduzir a ingestão de agrotóxicos dos alimentos:

• Realizar a lavagem adequada dos alimentos pode reduzir a quantidade dos resíduos nas cascas das frutas e legumes.

• Realizar a retirada das folhas externas e das partes com dobras onde pode acumular resíduos das substâncias, ajuda a eliminar partes mais contaminadas
dos produtos.

• Deixar os alimentos de molho no hipoclorito de 15 a 30 minutos, e após enxaguá-los bem e finalizar a lavagem.

Em resumo, cabe alertar que uma alimentação saudável não baseia-se somente no consumo de frutas, verduras e legumes, mas também a qualidade de produção, e formas de cultivo, que influenciam diretamente no seu valor nutricional. Na Nutrição, o Guia Alimentar para a população brasileira que é um documento que alerta a população sobre a importância de manter uma alimentação saudável e equilibrada, diz respeito a importância do olhar crítico do consumidor quando o assunto é alimentação. É fundamental, antes de qualquer coisa, saber a procedência do que esta sendo levado para as casas dos consumidores, como é produzido, ingredientes, entre outros fatores que envolvem um alimento.

Cabe salientar também, da importância da busca de auxílio profissional de um nutricionista, que é o profissional mais recomendado
para orientar, informar e educar sobre boas práticas alimentares e a saber realizar boas escolhas dos alimentos.

A agricultura orgânica tem crescido a cada dia com o passar dos anos, e cabe a nós, consumidores, fortalecermos todos os dias esse trabalho. Além de ajudar colaborando com um meio de cultivo sustentável e que preserva o meio ambiente, ajuda na geração de empregos, e nos alimentados de saúde.
referências:

– MOURA, Dalila Alves et al. Agricultura Orgânica: impactos ambientais, sociais,
econômicos e na saúde humana.
COLÓQUIO-Revista do Desenvolvimento Regional, v. 19, n. 1, jan/mar, p. 215-235, 2022.
– GOZALEZ, Diego Luiz Pereyra et al.
BENEFÍCIOS DO CONSUMO DE ALIMENTOS
ORGÂNICOS-REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. Revista Higei@-Revista Científica de Saúde, v. 4, n. 7, 2022.
– https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/causas-e-prevencao-docancer/exposicao-no-trabalho-e-no-ambiente/agrotoxico#:~:text=Considerando
o tipo de ação,acaricidas, desfolhantes, entre outros.